O outro.

Dia desses, li um texto a respeito de relacionamentos modernos que trazia uma série de avisos: as pessoas estão insensíveis, mais facilmente infiéis, não gostam mais tanto de relacionamentos sérios, etc. Li, olhei os comentários, e uma coisa chamou minha atenção:

muita gente concordando com os tais avisos, afirmando que, sim, era assim mesmo e “tava foda”. Que estava complicado achar gente legal. Como se aquele texto não falasse delas e, sim, dos outros. O outro. Daí, teci o seguinte comentário:

 

Falar assim sugere que o problema é, em suma, “o outro”.
E quem é “o outro” que não cada um de nós?

A questão, talvez, seja reavaliar algumas noções que se tem de traição, atenção, e do que é, de fato, um namoro. Tá todo mundo no mesmo barco. A única geração com um modelo “consolidado” de relacionamento sério, parece, foi a de nossos pais. E não é preciso analisar muito para perceber a série de problemas que envolve esse modelo.

De repente o lance, agora, seja nem ter modelo nenhum. E os interessados no tal relacionamento é que tem de conversar e colocar os pingos nos is.

 

O outro. CADÊ ELE? CADÊ?!

 

Bom, isso serve para muitas outras situações. Quando a gente reclama, generaliza, parece sempre falar de algum ser alheio. Reclamamos de relacionamentos, de cultura, de política. Esquecemos que, no meio disso tudo, estamos nós.

Tu. Eu. Juntos com “o outro”. Essa entidade cósmica que parece fazer todas as cagadas e insistir em estragar nossa vida.

– As pessoas perdem muito tempo no celular.

– Não há mais amizades verdadeiras.

– Tudo é superficial.

Posso até concordar com algumas coisas. Mas a causa, boa parte dela, está no próprio interlocutor. Afinal, cara-pálida, “tá todo mundo no mesmo barco”.

Sem falar que ficar reclamando dos “outros” soa presunçoso pra cacete. Desculpas pelo texto curto.

 

Amanhã (ou semana que vem) vai ser maior.

 

Etiquetado , ,

Comente alguma coisa :)